Há exatos 25 anos, a Malucada Beleza de Recife recebia com toda satisfação Raul Seixas - no seu segundo e último show na Capital Pernambucana. Recebi Raul, Marcelo Nova (e banda Envergadura Moral), Dalva (a secretaria) e Íris (namorada de Marceleza) no aeroporto um dia antes desta apresentação.
É que Raulzito tava fazendo uma escala de 2h aqui - antes de zarpar para Fortaleza, para outro concerto. Como os produtores do show não o conheciam - para ele não ficar sozinho 2h -, me chamaram para ficar com o Louco-Mor e apresentá-los. Trabalho prazeroso para mim, sem dúvida. Eu estava com minha mulher (Cláudia), Dinho (repórter da Rádio Transamérica), Beth Salgueiro e Maguila (produtores).
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| Raul em Recife - No palco e no hotel com fãs (Fotos: Cosme Filho e Jair Tenório/RRC II) |
Antes mesmo de eu avistar o Maluco Beleza, minha esposa o reconheceu e me mostrou. Havia 2 anos que eu tinha estado com Raul na casa dele - em Sampa. Raul tava passeando pelo saguão, meio triste (ainda não tinha tomado uma), com aquele famoso tênis Topper amarelo. Fomos todos para o primeiro andar do aeroporto. O repórter fez uma entrevista rápida com Raul e Marceleza. Sentamos todos num bar. Raul Seixas tomou o primeiro chopp e ficou mais animado, mais brincalhão. Numa pausa da entrevista - após terem falado na Banda Camisa de Vênus - aproveitei a deixa e disse para Raul e Marcelo: "Para segurar vocês dois, só com 'camisa de força'." Todos riram.
Ainda falei para Raul que a Raulzada iria em peso ao show daqui. Ele respondia: "Que legal. Obrigado pela força". Num certo momento, vi Raul olhando um adesivo dele que fizemos - e que estava pregado numa pasta catálogo que eu andava com ela pra todo canto. Já estava na hora do voo para o Ceará. Nos despedimos e fui organizar a divulgação do show em parceria com os produtores. E também avisar por telefone aos que não sabiam do evento.
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| Registrado e carimbado nos muros (Foto: Alexandre Seixas) |
No outro dia (19/01/1989), fui fazer a divulgação do show na Praia de Boa Viagem, Recife - onde Raul estava hospedado. "Unir o útil ao agradável." O carro de som tocava algum hit de Raul Seixas e eu soltava o verbo: "É hoje, show de Raul Seixas no Recife - no Centro de Convenções!". E sacudia panfletos para os banhistas. Terminada a locução, fui ao hotel. Raul ainda dormia. Fiquei no bar da piscina batendo um papo com Gustavo Mullem (guitarrista da Envergadura Moral), que tava dando um mergulho. Gustavo me disse que a apresentação em Fortaleza tinha sido "pra lá de tumultuada" - com atraso, porque teve confusão entre o público e a polícia. Deixei Raulzito dormir e fui acertar outras coisas do Raul Rock Club II - tipo encomendar duas faixas saudando Seixas e Nova para levar ao show e juntar os associados, simpatizantes e agregados do fã-clube para o concerto.
À noite, fui rever um Dom Raulzito cambaleante no palco. Com a casa cheia e ele só aguentar cantar 5 ou 6 músicas - quase inaudível. Mas o frisson era grande - era Raul Seixas, O Guerrilheiro do Rock, que se apresentava. Apesar de estar sem os dentes da frente, de perder o tempo das músicas e tudo mais, os raulseixistas gritavam em coro: "Raul, Raul, Raul!"
O RRC II levou duas faixas para o show: "Raul Rock Club II Saúda Raul e Marcelo" e "Raul Rock Club II - Uma Resistência Raulseixista". Quando todo mundo pensava que o show ainda iria demorar muito, um médico - que se encontrava no palco - faz um sinal para acabar. Raul não aguentava mais - tinha bebido e devia ter tomado seus inseparáveis tranquilizantes. Com ele ainda no palco, lhe dei de presente uma estatueta de barro com seu rosto. Ele agradeceu e levou a mão ao peito. A galera aumentava o uníssono: "Raul, Raul, Raul!" Seixas agradeceu ao grande público que lotou o Pavilhão de Feira: "Obrigado!", "Ok!" Foi assim o 2º show do autor de "Ouro de Tolo" no Recife.
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